Entre Mulheres - diário de um lisboeta
Percorrendo um espelho de memórias, que parte das ruas de Lisboa e se ramifica na infância, nas conjecturas e dilemas, numa sofrível determinação, na incerteza e nostalgia de um homem a sós, o leitor vai descobrindo o seu próprio reflexo. A reinvenção dos laços familiares quebrados, a sua justiça ou merecimento, dificilmente serão previsíveis ou consentidos. O projecto da escrita, devorado com absurdo idealismo, vai simbolizando a metamorfose a que assistimos página a página, impulsionada pela descoberta da leitura e o erotismo de alguns encontros. Neste romance, as mulheres que flutuam na esfera de emoções do protagonista – filho, marido, irmão, pai e amante –, constituem o pilar da sua salvação. Apesar de tudo. Ou não fosse a vida.
«Uma história de vida, narrada com um humor subtil, uma desenvoltura surpreendente e uma simplicidade desarmante, quase subversiva.»
Rita Ferro, escritora
«A literatura é porventura a única máquina do tempo eficaz e romanticamente fiável. Neste livro, a memória é crucial para se entender a paletta difícil de sentimentos que cruzam a vida das pessoas. A história transporta-nos para o que há de melhor em nós, em todos nós, numa escrita irrepreensível, capaz de nos tocar e de nos tomar de assalto.»
Patrícia Reis, escritora, editora.
Entre Mulheres
diário de um lisboeta
Autor: Vera de Vilhena
Género: romance
Edição: Julho de 2018
Páginas:
EXCERTO
Em minha defesa, não era este o futuro que eu esperava. De família perdida, e um manuscrito afogado nas águas do Tejo, escrevi. Ao cair noutros enganos, fui enxovalhado e acariciei a fantasia de me interromper. Não o fiz e, de novo, a escrita foi a melhor voz, o melhor ouvinte. Num anoitecer de Abril recebi o castigo de uma estranha recompensa. Ainda tenho dificuldade em acreditar nesta viragem de vida, talvez sem merecimento. A sorte veio pousar-me na mão, agarrei-a, para me salvar. Só me resta perseguir a miragem dos dias, de onda em onda, e agradecer a verdade que me aconteceu.
(Excerto)