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«A escrita [da Vera] junta conhecimento com humor, jogos de palavras com jogos de vida, relatos com introspecções. Tudo isto acontece sem se ver, o que é prova da perícia da sua escrita.(...) a boa literatura para crianças e jovens é boa para todos, e este livro é um excelente exemplo disso. A Vera merecia um destaque muito sério para a sua escrita.»

(MARGARIDA FONSECA SANTOS)

 

«Logo nas primeiras páginas deste livro de histórias da Vera percebe-se que ela habita num mundo onde as coisas falam por si, as colheres correm discretas à frente das nossas bocas famintas de uma sopa, ou um lápis se esconde debaixo da mesa para que não se escreva aquilo que nos passa pela cabeça.

A Vera mete a imaginação pelo buraco da agulha e costura enredos que nem num palheiro se encontrariam. (...)

A Vera vê sonhos que mais ninguém vê porque sabe que há mais luz para além do Sol. (...)

Surpreendo-me com este talento de dar vida a coisas que definimos como inanimadas (...)

Com este Coisandês o tempo passa a correr.

As time goes by...Play it again, Vera.

 

(JÚLIO ISIDRO, in prefácio)

Coisandês - a vida nas coisas

Autor: Vera de Vilhena

Ilustrações de Vanessa Bettencourt

Género: Contos juvenis

Editor: Verbo

Edição: Abril de 2014

Páginas: 96

 

 

 

Prémio Revelação APE/Babel

Tenho alma de mulher. Gosto de me sentir bem no meu corpo e no dos outros que me visitam. Tive muitos homens…mas também mulheres. Não foi opção minha, entenda-se, mas acabou por acontecer. É algo que me ultrapassa, algo sobre o qual não tenho controlo algum, e nenhuma saída me resta senão a de me entregar por inteiro. Lamento que tivessem sido relações tão fugazes, mas a sua efemeridade foi claramente demonstrada à partida, como uma espada pairando sobre as cabeças (perdoem-me, mas não resisto a estes pequenos jogos de palavras). Eles sabem para o que vêm – não obstante os momentos de grande intensidade física e emocional, estão cientes de que, comigo, não têm futuro algum. Não fui criada para relações duradoiras e sou célebre por isso: por ser, digamos, une femme fatale, por tantas serem as vezes em que criaturas perdidas morrem a meus pés.

Afortunadamente, o nome que me foi dado coaduna-se de forma perfeita comigo – Guilhotina – sugere algo de sensível e feminino, de onde transparecem, subtis, traços do meu lado mais delicado.

(excerto do conto «Língua afiada»)

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